Declaração dos
direitos da mulher e da cidadã – 1791
"A Revolução Francesa desencadeou, em
curto espaço de tempo, a supressão das desigualdades entre indivíduos e grupos
sociais, como a humanidade jamais experimentara até então. Na tríade famosa,
foi sem dúvida a igualdade que representou o ponto central do movimento
revolucionário. A liberdade, para os homens de 1789, limitava-se praticamente à
supressão de todas as peias sociais ligadas à existência de estamentos ou
corporações de ofícios. E a fraternidade, como virtude cívica, seria o
resultado necessário da abolição de todos os privilégios. Em pouco tempo,
aliás, percebeu-se que o espírito da Revolução Francesa era, muito mais, a
supressão das desigualdades estamentais do que a consagração das liberdades
individuais para todos". (COMPARATO, 2008, p. 136).
Uma das pessoas que notou tal verdade acerca deste eminente desvio da proposta da revolução sobre a igualdade, fora a revolucionária, jornalista e escritoraOlympe de Gouges, pseudônimo de MarieGouze (1748-1793). Madame de Gouges era uma mulher profundamente ligada aos ciclos sociais da época, a conturbada vida politica que se instaurou após 1789, e uma profunda defensora dos direitos das mulheres, fato este que a levou em 1791 a contrariar as leis da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, alegando que entre as leis decretadas, não havia espaço para as mulheres seja sendo reconhecida entre outros ofícios, na carreira politica, e até mesmo na condição de cidadã. Olympe de Gouges, viu que a declaração não levava a cabo a sua proposta de igualdade, já que não punha a mulher na condição civil e legal igual aos homens, com isso ela decidiu escrever uma declaração própria para as mulheres, defendendo os direitos de que estas mereciam. No mesmo ano, ela escreveu a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, afim que desta forma pudesse conceder o reconhecimento civil, social, jurídico e legal as mulheres.
Uma das pessoas que notou tal verdade acerca deste eminente desvio da proposta da revolução sobre a igualdade, fora a revolucionária, jornalista e escritoraOlympe de Gouges, pseudônimo de MarieGouze (1748-1793). Madame de Gouges era uma mulher profundamente ligada aos ciclos sociais da época, a conturbada vida politica que se instaurou após 1789, e uma profunda defensora dos direitos das mulheres, fato este que a levou em 1791 a contrariar as leis da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, alegando que entre as leis decretadas, não havia espaço para as mulheres seja sendo reconhecida entre outros ofícios, na carreira politica, e até mesmo na condição de cidadã. Olympe de Gouges, viu que a declaração não levava a cabo a sua proposta de igualdade, já que não punha a mulher na condição civil e legal igual aos homens, com isso ela decidiu escrever uma declaração própria para as mulheres, defendendo os direitos de que estas mereciam. No mesmo ano, ela escreveu a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, afim que desta forma pudesse conceder o reconhecimento civil, social, jurídico e legal as mulheres.
PREÂMBULO
Mães,
filhas, irmãs, mulheres representantes da nação reivindicam constituir-se em
uma assembléia nacional. Considerando que a ignorância, o menosprezo e a ofensa
aos direitos da mulher são as únicas causas das desgraças públicas e da
corrupção no governo, resolvem expor em uma declaração solene, os direitos
naturais, inalienáveis e sagrados da mulher. Assim, que esta declaração possa
lembrar sempre, a todos os membros do corpo social seus direitos e seus
deveres; que, para gozar de confiança, ao ser comparado com o fim de toda e
qualquer instituição política, os atos de poder de homens e de mulheres devem
ser inteiramente respeitados; e, que, para serem fundamentadas, doravante, em
princípios simples e incontestáveis, as reivindicações das cidadãs devem sempre
respeitar a constituição, os bons costumes e o bem estar geral.
Em conseqüência, o sexo que é superior em beleza, como em
coragem, em meio aos sofrimentos maternais, reconhece e declara, em presença, e
sob os auspícios do Ser Supremo, os seguintes direitos da mulher e da cidadã:
Artigo
1º
A
mulher nasce livre e tem os mesmos direitos do homem. As distinções sociais só
podem ser baseadas no interesse comum.
Artigo 2º
O
objeto de toda associação política é a conservação dos direitos imprescritíveis
da mulher e do homem Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança
e, sobretudo, a resistência à opressão.
Artigo
3º
O
princípio de toda soberania reside essencialmente na nação, que é a união da
mulher e do homem nenhum organismo, nenhum indivíduo, pode exercer autoridade
que não provenha expressamente deles.
Artigo
4º
A
liberdade e a justiça consistem em restituir tudo aquilo que pertence a outros,
assim, o único limite ao exercício dos direitos naturais da mulher, isto é, a
perpétua tirania do homem, deve ser reformado pelas leis da natureza e da
razão.
Artigo
5º
As
leis da natureza e da razão proíbem todas as ações nocivas à sociedade. Tudo
aquilo que não é proibido pelas leis sábias e divinas não pode ser impedido e
ninguém pode ser constrangido a fazer aquilo que elas não ordenam.
Artigo
6º
A
lei deve ser a expressão da vontade geral. Todas as cidadãs e cidadãos devem
concorrer pessoalmente ou com seus representantes para sua formação; ela deve
ser igual para todos. Todas as cidadãs e cidadãos, sendo iguais aos olhos da lei devem ser igualmente admitidos a todas as dignidades, postos e empregos públicos, segundo as suas capacidades e sem outra distinção a não ser suas virtudes e seus talentos.
Artigo
7º
Dela
não se exclui nenhuma mulher. Esta é acusada., presa e detida nos casos
estabelecidos pela lei. As mulheres obedecem, como os homens, a esta lei
rigorosa.
Artigo
8º
A
lei só deve estabelecer penas estritamente e evidentemente necessárias e
ninguém pode ser punido senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada
anteriormente ao delito e legalmente aplicada às mulheres.
Artigo
9º
Sobre
qualquer mulher declarada culpada a lei exerce todo o seu rigor.
Artigo
10
Ninguém
deve ser molestado por suas opiniões, mesmo de princípio. A mulher tem o
direito de subir ao patíbulo, deve ter também o de subir ao pódio desde que as
suas manifestações não perturbem a ordem pública estabelecida pela lei.
Artigo
11
A
livre comunicação de pensamentos e de opiniões é um dos direitos mais preciosos
da mulher, já que essa liberdade assegura a legitimidade dos pais em relação
aos filhos. Toda cidadã pode então dizer livremente: "Sou
a mãe de um filho seu", sem que um
preconceito bárbaro a force a esconder a verdade; sob pena de responder pelo
abuso dessa liberdade nos casos estabelecidos pela lei.
Artigo
12
É
necessário garantir principalmente os direitos da mulher e da cidadã; essa
garantia deve ser instituída em favor de todos e não só daqueles às quais é
assegurada.
Artigo
13
Para
a manutenção da força pública e para as despesas de administração, as
contribuições da mulher e do homem serão iguais; ela participa de todos os
trabalhos ingratos, de todas as fadigas, deve então participar também da
distribuição dos postos, dos empregos, dos cargos, das dignidades e da
indústria.
Artigo
14
As
cidadãs e os cidadãos têm o direito de constatar por si próprios ou por seus
representantes a necessidade da contribuição pública. As cidadãs só podem
aderir a ela com a aceitação de uma divisão igual, não só nos bens, mas também
na administração pública, e determinar a quantia, o tributável, a cobrança e a
duração do imposto.
Artigo
15
O
conjunto de mulheres igualadas aos homens para a taxação tem o mesmo direito de
pedir contas da sua administração a todo agente público.
Artigo
16
Toda
sociedade em que a garantia dos direitos não é assegurada, nem a separação dos
poderes determinada, não tem Constituição. A Constituição é nula se a maioria
dos indivíduos que compõem a nação não cooperou na sua redação.
Artigo
17
As
propriedades são de todos os sexos juntos ou separados; para cada um deles elas
têm direito inviolável e sagrado. Ninguém pode ser privado delas como
verdadeiro patrimônio da natureza, a não ser quando a necessidade
pública, legalmente constatada o exija de modo evidente e com a condição de uma
justa e preliminar indenização.
CONCLUSÃO
Mulher,
desperta. A força da razão se faz escutar em todo o Universo. Reconhece teus
direitos. O poderoso império da natureza não está mais envolto de preconceitos,
de fanatismos, de superstições e de mentiras. A bandeira da verdade dissipou
todas as nuvens da ignorância e da usurpação. O homem escravo multiplicou suas
forças e teve necessidade de recorrer às tuas, para romper os seus ferros.
Tornando-se livre, tornou-se injusto em relação à sua companheira.
FORMULÁRIO
PARA UM CONTRATO SOCIAL ENTRE HOMEM e MULHER
Nós, __________ e ________ movidos por nosso próprio desejo,
unimo-nos por toda nossa vida e pela duração de nossas inclinações mútuas sob
as seguintes condições: Pretendemos e queremos fazer nossa uma propriedade
comum saudável, reservando o direito de dividi-la em favor de nossos filhos e
daqueles por quem tenhamos um amor especial, mutuamente reconhecendo que nossos
bens pertencem diretamente a nossos filhos, de não importa que leito eles
provenham (legítimos ou não)e que todos, sem distinção, têm o direito de ter o
nome dos pais e das mães que os reconhecerem, e nós impomos a nós mesmos a
obrigação de subscrever a lei que pune qualquer rejeição de filhos do seu
próprio sangue (recusando o reconhecimento do filho ilegítimo). Da mesma forma
nós nos obrigamos, em caso de separação, a dividir nossa fortuna, igualmente, e
de separar a porção que a lei designa para nossos filhos. Em caso de união
perfeita, aquele que morrer primeiro deixa metade de sua propriedade em favor
dos filhos; e se não tiver filhos, o sobrevivente herdará, por direito, a menos
que o que morreu tenha disposto sobre sua metade da propriedade comum em favor
de alguém que julgar apropriado. (Ela, então, deve defender seu contrato contra
as inevitáveis objeções dos "hipócritas, pretensos modestos, do clero e
todo e qualquer infernal grupo").
Declaração de
direitos do homem e do cidadão – 1789
Os
representantes do povo francês, reunidos em Assembléia Nacional,
tendo em vista que a ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos direitos do
homem são as únicas causas dos males públicos e da corrupção dos Governos,
resolveram declarar solenemente os direitos naturais, inalienáveis e sagrados
do homem, a fim de que esta declaração, sempre presente em todos os membros do
corpo social, lhes lembre permanentemente seus direitos e seus deveres; a fim
de que os atos do Poder Legislativo e do Poder Executivo, podendo ser a
qualquer momento comparados com a finalidade de toda a instituição política,
sejam por isso mais respeitados; a fim de que as reivindicações dos cidadãos,
doravante fundadas em princípios simples e incontestáveis, se dirijam sempre à
conservação da Constituição e à felicidade geral.
Em razão
disto, a Assembléia Nacional reconhece e declara, na presença e sob a égide do
Ser Supremo, os seguintes direitos do homem e do cidadão:
Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As
distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum.
Art. 2º. A finalidade de toda associação política é
a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos
são a liberdade, a propriedade a segurança e a resistência à opressão.
Art. 3º. O princípio de toda a soberania reside,
essencialmente, na nação. Nenhuma operação, nenhum indivíduo pode exercer
autoridade que dela não emane expressamente.
Art. 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo
que não prejudique o próximo. Assim, o exercício dos direitos naturais de cada
homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade
o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela
lei.
Art. 5º. A lei não proíbe senão as ações nocivas à
sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não pode ser obstado e ninguém pode
ser constrangido a fazer o que ela não ordene.
Art. 6º. A lei é a expressão da vontade geral. Todos
os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou através de mandatários,
para a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, seja para proteger, seja
para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissíveis
a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade e
sem outra distinção que não
seja a das suas virtudes e dos seus talentos.
Art. 7º. Ninguém pode ser acusado, preso ou detido
senão nos casos determinados pela lei e de acordo com as formas por esta
prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens
arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em
virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de
resistência.
Art. 8º. A lei apenas deve estabelecer penas estrita
e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido senão por força de uma
lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada.
Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser
declarado culpado e, se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor
desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei.
Art. 10º. Ninguém pode ser molestado por suas
opiniões, incluindo opiniões religiosas, desde que sua manifestação não
perturbe a ordem pública estabelecida pela lei.
Art. 11º. A livre comunicação das idéias e das
opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem. Todo cidadão pode,
portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos
abusos desta liberdade nos termos previstos na lei.
Art. 12º. A garantia dos direitos do homem e do
cidadão necessita de uma força pública. Esta força é, pois, instituída para
fruição por todos, e não para utilidade particular daqueles a quem é confiada.
Art. 13º. Para a manutenção da força pública e para
as despesas de administração é indispensável uma contribuição comum que deve
ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades.
Art. 14º. Todos os cidadãos têm direito de verificar,
por si ou pelos seus representantes, da necessidade da contribuição pública, de
consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar a repartição,
a coleta, a cobrança e a duração.
Art. 15º. A sociedade tem o direito de pedir contas a
todo agente público pela sua administração.
Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a
garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem
Constituição.
Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável
e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a não ser quando a necessidade
pública legalmente comprovada o exigir e sob condição de justa e prévia
indenização.
Vídeo aula :
Livros :
Virtuosas E Perigosas As Mulheres Na Revoluçao Francesa
Descrição
Em 5 de outubro de 1789, as vendedoras de peixe
de Paris e outras mulheres das camadas populares, acompanhadas por soldados da
Guarda Nacional marcharam até Versalhes para protestar contra a escassez do
pão. A crise era de subsistência, mas o tom, político. O rei Luís XVI se
recusava a aceitar os decretos aprovados pela Assembleia Nacional no mês de
agosto, entre eles a importante Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Indignadas com a atitude do rei e exasperadas pela falta de alimentos básicos,
cerca de sete mil mulheres se fizeram ver e ouvir de forma contundente,
exigindo providências do rei e dos deputados da Assembléia. Na manhã seguinte,
aos brados de a Paris! a Paris! pressionaram o monarca a abandonar o Palácio de
Versalhes e a se mudar para a capital. Assim, a multidão retornou a Paris
vitoriosa, escoltando a carruagem da família real. Os homens tomaram a
Bastilha, as mulheres tomaram o Rei! , disse o historiador Jules Michelet. Uma
semana depois, a Assembleia Nacional também deixou Versalhes e se es eleceu em
Paris, que voltou a ser o centro político do país. A intervenção feminina
contribuiu para mudar o curso da Revolução Francesa. A Marcha a Versalhes
marcou a entrada dramática das mulheres na cena política nacional. Foi uma
iniciativa política sofisticada, porque, com a concentração do poder em
Versalhes, o rei ficava longe da pressão popular e mais exposto às influências
da rainha e da corte, e se utilizava do direito de veto, que ainda possuía no
início da Revolução, para impedir que as reformas fossem realizadas. Ao
trazerem Luís XVI para Paris, as mulheres mudaram o centro de gravidade do
processo revolucionário e propiciaram à população da capital um novo
protagonismo , diz Tania Machado Morin. A Parte I deste livro trata da atuação
de três grupos emblemáticos de mulheres- as mães republicanas, as militantes
políticas e as mulheres-soldados. A Parte II do livro contém 43 ilustrações
explicadas que nos ajudam a compreender a sociedade francesa daquela época. Vale
a pena redescobrir a trajetória daquelas revolucionárias.
Os Direitos do Homem de Thomas Paine - Uma Biografia - Col.
Livros que Mudaram o Mundo
Descrição
Christopher Hitchens desvela a epopéia de Thomas Paine - um
patriota que lutou com a pena e sua própria pessoa pela liberdade em todos os
sentidos. Hitchens mostra como 'Os Direitos do Homem', de 1971 surgiram no
calor dos debates que acompanharam a Revolução Francesa. Mas as propostas ali
formuladas permanecem na pauta política contemporânea, e suas palavras são
lembradas todas as vezes - e em todos os lugares - em que se vêem ameaçados os
direitos dos cidadãos.
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